logo RCN

Patrimônio histórico de Três Barras consumido por incêndio

Uma semana antes, o Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) havia se comprometido a restaurar o prédio

TRÊS BARRAS ? O Corpo de Bombeiros de Três Barras, auxiliado pela Brigada de Incêndio da empresa Rigesa, teve dificuldade para controlar o fogo que teimava em invadir as propriedades em torno do prédio que serviu de hospedaria para os funcionários da Lumber no início do século 20. Totalmente tomado pelo fogo, o prédio foi destruído quase instantaneamente. A madeira fragilizada pela ação do tempo, queimou como papel em pouco menos de 30 minutos.

O incêndio aconteceu na madrugada de domingo, 30. O prédio estava localizado no centro de Três Barras, nas proximidades da prefeitura. A sede da rádio Fronteira FM, ao lado direito do antes prédio, teve seus vidros quebrados pelo forte calor do fogo e equipamentos da rádio ficaram danificados. Ludovico Maievski, que mora do lado esquerdo, conta que não estava em casa na hora do incêndio, mas que foi um milagre que protegeu seu patrimônio.

O milagre, na verdade, foi obra dos bombeiros que se concentraram em extinguir o incêndio nas laterais do prédio, protegendo assim a vizinhança. ?Vimos que o prédio já estava perdido e por isso nos concentramos em controlar o incêndio?, conta o sargento Aristeu Cavalheiro, do Corpo de Bombeiros de Três Barras.

Cavalheiro não arrisca um palpite sobre a causa do incêndio, mas admite que o prédio não tinha nenhuma ligação com fios de alta tensão, o que, a princípio, descarta a possibilidade de o incêndio ter sido acidental.

 

TRABALHO EM VÃO

 

?O incêndio foi criminoso, não tem nem dúvida?, afirma a turismóloga Viviane Bueno, que há anos lutava pela restauração do prédio.

O fato de uma matéria falando sobre a conquista de Viviane junto ao Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), que firmou compromisso de restaurar o prédio, publicada no Correio do Norte dois dias antes do incêndio, para Viviane, é prova irrefutável da criminalidade do incêndio. ?Alguém não queria ver o prédio restaurado?, sugere a turismóloga. Outro fato que Viviane aponta como indício de crime, é que não existiu foco do incêndio, ou seja, parece que o fogo teve vários focos.

Técnicos do Iphan estiveram na terça-feira, dia 1.º, fazendo perícia junto com o Corpo de Bombeiros de Três Barras, no que sobrou do prédio. O resultado deve sair em poucos dias.

 

SEM TESTEMUNHAS

 

A vizinhança é unânime em dizer que nada viu. ?É comum barulho na rua altas horas da madrugada, por isso nem ligamos quando começamos a ouvir o barulho do fogo?, conta uma vizinha que não quis se identificar.

?O calor era insuportável, pensamos que perderíamos nossas casas. Se o incêndio foi criminoso, a pessoa que pôs fogo no prédio não teve noção de quantas vidas colocou em risco?, opina outra moradora.

Algumas pessoas têm opiniões mais radicais e culpam Viviane pelo incêndio. ?Os proprietário iam desmanchar o prédio, mas ela insistiu em conservar isso aí e deu no que deu?, esbraveja um vizinho do prédio.

Viviane disse que irá processar quem levantar falsas acusações a seu respeito. Abalada com a perda do prédio, a turismóloga diz que ainda existe uma última esperança. ?Ás vezes, quando o patrimônio é destruído, o Iphan pode reconstruir?, acredita.

 

Anterior

Mulheres: da repressão à conquista do mercado de trabalho

Próximo

Mais de 200 famílias sem-terras estão acampadas em Irineópolis

Deixe seu comentário